Antes de explicar sobre a curva de Fletcher Munson e no que ela interfere na mix primeiros vamos a um ponto importante:

A nossa audição não é linear!

Isso significa que se a gente dobra o volume em dB de uma fonte sonora, não significa que estamos percebendo o dobro do volume.

OS DECIBÉIS

dB na realidade é uma medida de comparação. O Bel (10 x o decibel) é o logaritmo de base 10 da razão entre quantidades de potência ou energia. Ou seja:

B = log(P2/P1). *P1 é a potência de referência.

Porém a potência é proporcional ao quadrado da pressão sonora (pois esta se dá em área), o que nos deixa com a expressão:

B (SPL) = 2 log(P2/P1). *Aqui temos que P1 é a pressão de referência

Utilizando o dobro da pressão de referência nós temos a expressão:

2 log(2P2/P2) = 2 log2 = 2*0,3 = 0,6B ou 6 dB.

Mas não se preocupe que ninguém vai precisar fazer essa conta. Em termos práticos, isso significa que para chegar ao dobro de determinada pressão sonora (SPL) você precisa aumentar 6dB do volume de referência e não dobra-lo.

A curva de Fletcher Munson é a curva logarítmica da nossa percepção sonora, que além não ser linear ainda varia com as frequências.

COMO LER A CURVA?

As curvas azuis do gráfico são as curvas de Fletcher Munson para diferentes volumes de pressão sonora. Escolha uma curva para facilitar a leitura.

A curva indica quanto deve ser a pressão sonora (SPL) de uma frequência para ser percebida por nós tão alto quanto a outra frequência. Reparem que por exemplo para percebermos no mesmo volume que a frequência de 1kHz a 20 dB SPL, precisamos de quase 40 dB SPL para a frequência de 100Hz.

O QUE ISSO SIGNIFICA NA PRÁTICA?

Basicamente em volumes mais baixos ouvimos menos as frequências mais graves e mais agudas. E é essa explicação para sempre que aumentarmos o volume de uma música ela ficará melhor ainda, pois na nossa percepção ela cresce no espectro de frequências.

O QUE INTERFERE NA MIX?

Sabemos que nossa percepção das frequências varia conforme o volume, então é importante saber dessa curva pois podemos mixar em um volume baixo, sentir falta de graves e agudos e acabar equalizando de forma a compensar o que faltou em nossa percepção por causa da curva. E aí quando aumentarmos o volume para o padrão perceberemos que tais frequências estão destoando muito, deixando o som desagradável.

Um outro importante fator em que podemos ser enganados pela curva é na compressão. Muitos compressores tem make up gain automático, então quando você comprime, o compressor já automaticamente aumenta o volume do seu áudio e faz com que pareça melhor apenas pelo aumento do volume, mesmo podendo não estar comprimido da maneira certa. Por isso é importante comparar sempre os ajustes no mesmo volume.

Portanto, não se preocupem com os cálculos, mas tenham consciência que esta curva pode impactar suas decisões na hora de equalizar os elementos de sua mix.

Boa mixagem!

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